21/09/11

Fico

 Fico à tua espera, mesmo sabendo que não vens. Sei que não vens, mas mesmo assim fico. Ainda te lembrarás de mim? Fico. Não me perguntem nada, não me macem, deixem-me ficar apenas. Fico à mercê das palavras que escreveste, dos sorrisos que esboçaste e das noites em que nos amávamos em frente à lareira. Fico. Fico à janela deste cigarro, único farol de mim. Desde que saíste eu nunca mais fui a mesma. Quando cheguei e não estavas não me encontrei. Procurei-me e procurei-me mas em vão. Não sei de mim, onde me terei guardado, onde me terei metido. Não sei de mim. Se calhar levaste-me. Procura recordar-te, vê se te lembras. É importante para mim. Faço-te falta. Pensa bem. Tenta recordar-te. Contigo levaste aquela gargalhada aberta, que tão bem me fazia. Procura bem nos bolsos do casaco. No bolso de trás das calças onde eu me metia quando passeávamos pela rua agarrados. Procura-me bem no teu peito, pelas vezes que nele adormeci. Procura-me no teu olhar. Não é outra senão eu quem ainda vês, sentada na cadeira da cozinha com os pés pousados nas tuas pernas. Não voltas eu sei, mas ao menos devolve-me, ainda me tens?

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