Devia ter sete, oito anos quando numa tarde de Domingo descendo a Av. Infante Santo com minha mãe, reparo nele, sentado num carro estacionado a meio da avenida...
Assistiu a um bonito espectáculo; uma miúda franzina a puxar pela mão da mãe sem querer "arredar pé" dali. Depois de eu ter implorado muito, a minha mãe envergonhadíssima aproximou-se e pediu um autógrafo para mim.
Lembro-me como se fosse hoje, as barbas coloridas, o padrão da roupa, os anéis, a forma gentil como falou comigo... era o António Variações
Num país atrasado culturalmente, a música e a excentricidade que caracterizavam António Variações fizeram correr todo o tipo de boatos.
Ser-se diferente e ousado num país com décadas de ditadura era ser-se muito corajoso.
Tal como o António Variações disse um dia, tinha nascido demasiado cedo.
Infelizmente morreu muito cedo também...
"Passou como um cometa pelo panorama pop/rock nacional dos anos 80, lançando dois álbuns e outros tantos singles entre 1982 e 1984. Mesmo assim, ao longo dos anos foram descobertos inéditos, incluindo os temas que o projecto Humanos viria a recriar já nesta década. E mais recentemente, uma nova geração de bandas e cantores com ligações a editoras independentes como a FlorCaveira ou a Amor Fúria voltaram a trazer o seu nome para a ribalta.
A forma como conciliou uma linguagem anglo-saxónica como é a pop com a tradição musical portuguesa, continua inigualável. Algo notável para o rapaz que em 1957, só com a 4.ª classe, abandonou a pequena aldeia do Minho onde nasceu. O resto da história já é conhecida.
Abriu o primeiro cabeleireiro unissexo da capital, depois uma barbearia na Baixa. Em 1981, a meio de uma tarde de domingo, espantou O Passeio dos Alegres, de Júlio Isidro, com a canção Toma O Comprimido. Nascia um ícone. Estrear-se-ia em disco passado um ano, com o single Povo Que Lavas No Rio/Estou Além. Em 1983 edita o álbum Anjo-da-Guarda, que dedica a Amália, e o single É P'ra Amanhã. Em Maio do ano seguinte lança Dar e Receber, último disco, produzido por Pedro Ayres de Magalhães e Carlos Maria Trindade, dos Heróis do Mar que o acompanharam em estúdio. Passados alguns dias dava entrada no hospital. Deixou por gravar dezenas de maquetes, e o seu fantasma continua a pairar sobre a música portuguesa." in Diário de Notícias
A forma como conciliou uma linguagem anglo-saxónica como é a pop com a tradição musical portuguesa, continua inigualável. Algo notável para o rapaz que em 1957, só com a 4.ª classe, abandonou a pequena aldeia do Minho onde nasceu. O resto da história já é conhecida.
Abriu o primeiro cabeleireiro unissexo da capital, depois uma barbearia na Baixa. Em 1981, a meio de uma tarde de domingo, espantou O Passeio dos Alegres, de Júlio Isidro, com a canção Toma O Comprimido. Nascia um ícone. Estrear-se-ia em disco passado um ano, com o single Povo Que Lavas No Rio/Estou Além. Em 1983 edita o álbum Anjo-da-Guarda, que dedica a Amália, e o single É P'ra Amanhã. Em Maio do ano seguinte lança Dar e Receber, último disco, produzido por Pedro Ayres de Magalhães e Carlos Maria Trindade, dos Heróis do Mar que o acompanharam em estúdio. Passados alguns dias dava entrada no hospital. Deixou por gravar dezenas de maquetes, e o seu fantasma continua a pairar sobre a música portuguesa." in Diário de Notícias
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